sábado, 3 de janeiro de 2015

O que as mulheres querem


Ninguém gosta de mentira. Afinal, enganar é a atitude mais baixa que um ser humano pode fazer. Enganar uma mulher, em quaisquer circunstâncias, então, é brincar com o perigo. Agora, existem situações que uma mentirinha, um blefe, não mata ninguém. Uma noite, no meio de uma disputa acirrada de poker, decidi que era um belo momento de blefar contra minha namorada. Até hoje me pergunto o que me levou a fazer aquilo. Joguei mal aquela mão e o que eu esperava que batesse, nem deu sinal. Quando percebi, ficamos eu e ela na mão. Eu não tinha absolutamente nada e apostei uma grande quantia – três reais -. Ela me olhou, tentou me decifrar e não conseguiu. Sem muita crença em sua mão, decidiu largá-la. Então, cometi o segundo erro crasso da noite: mostrei minhas cartas. Quando ela viu aquilo e percebeu que meu nada ganhou no grito dos dois pares que tinha, foi o suficiente para que ela lançasse um olhar que até o mais forte guerreiro dos guerreiros temeria. Nunca entendi a capacidade feminina de conseguir enxergar a essência, o cerne das situações que vivemos. Para mim, foi um blefe qualquer em um ato desesperado de tentar não perder as fichas que eu já tinha colocado lá. Para ela, muito mais que isso, era uma análise profunda e um aviso intrínseco de como eu me comportaria em determinadas situações. Caso em uma situação periclitante, cuja a verdade a faria ter um ataque de nervos, eu blefaria? Perder uma mão, tudo bem, é do jogo, é normal. Mas, perder para uma mentira minha era inaceitável. Perguntou, depois, quantas vezes eu menti pra ela e ela não conseguiu descobrir. Se a minha vida, minhas atitudes, eram um eterno blefe e ela teria que ter cautela, pois ela não poderia confiar mais em mim. E era um pote de sete reais! Não importava! Eu menti e aquilo dizia muita coisa sobre mim, sobre nós e sobre o futuro. A verdade é que ela joga melhor que eu e se acalmou depois que conseguiu tirar de mim o dobro que consegui com aquela minha mentira. Só não posso escrever mais, porque ainda não terminei de escrever cem vezes no papel “Não blefarei contra minha namorada nunca mais!”.

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