Qualquer um ficaria desesperado em uma situação como essa, mas Leray saiu dela sozinho usando as próprias mãos. O que ele fez? Ele simplesmente usou as peças do seu carro para construir uma moto!
Leray não era exatamente novato em viagens no deserto – na verdade, ele já havia explorado a região norte do Saara algumas vezes. Ele havia saído da cidade de Tan-Tan, em Marrocos, e já havia dirigido por mais de 20 km com seu Citroën 2CV. Ele podia ter escolhido um belo jipe com tração 4×4 e reduzida, mas decidiu-se pelo 2CV porque ele é, em suas próprias palavras, “durão”.
“Na África eles chamam o 2CV de ‘Camelo de Aço’ porque ele é capaz de ir a qualquer lugar, desde que você seja gentil com ele. Você não pode forçá-lo demais”, Emile contou ao Daily Mail em 2012, quando sua história começou a ficar conhecida. “Obviamente eu o forcei demais, porque eu consegui quebrá-lo”.Ele se refere ao fato que aconteceu no meio de sua viagem, onde foi parado por um bloqueio militar local que informou que ele não poderia seguir viagem, pois aquela era uma zona de risco devido aos conflitos armados crescentes entre o Marrocos e países do oeste do Saara. Leray deveria dar meia volta e retornar a Tan-Tan, e como se não bastasse, os militares ainda pediram que ele desse carona a um passageiro.
Emilie recusou, dizendo que a apólice de seguro do seu carro não permitiria que ele levasse passageiros. Mas na verdade ele disse isso porque queria dar a volta pelo bloqueio e seguir viagem, como se nada tivesse acontecido.
Para não perder tempo (e preocupado com a possibilidade de ser seguido), Emilie voltou-se para o outro lado em alta velocidade pelo deserto. Foi uma péssima decisão, pois ele estava a dezenas de quilômetros de qualquer civilização, ele perdeu o controle do 2CV e bateu em uma pedra destruindo o braço da suspensão dianteira e uma parte do chassi, o que tirou o Citroen de circulação.
Como dissemos, seria uma situação verdadeiramente desesperadora… se Emile não fosse um criativo e habilidoso mecânico e não tivesse decidido que, com o que restou de bom no 2CV, construiria um veículo para, ao menos, chegar à vila mais próxima, que ficava a cerca de 20 km dali.
Você pode até imaginar que ele poderia ter deixado o carro ali e voltado em algumas horas. De fato, ele poderia se não estivesse preso em um ambiente hostil, seco e perigoso. O mais prudente seria usar seus suprimentos de água e comida para se manter por alguns dias, até conseguir construir um veículo utilizável. Uma moto seria o ideal.
A primeira coisa que ele fez foi remover a carroceria do chassi e usá-la como abrigo, onde dormiria e manteria a água e a comida. Então, com algumas ferramentas simples – uma serra de arco, um martelo e… basicamente isso, ele começou a trabalhar.
Ele serrou o chassi do carro para criar um quadro para a moto. Componentes da suspensão foram usados para fazer o garfo dianteiro e o motor ficava no meio do chassi, bem em frente do piloto. Para mover a roda traseira, Emile criou um engenhoso esquema ligando um dos tambores de freio ao motor. Ele girava para trás e, em contato com o pneu traseiro, o fazia girar para a frente. O selim foi feito usando o para-choque traseiro e o revestimento dos bancos, e Emile até deixou espaço para um pouco de bagagem entre o motor e a roda dianteira.
O resultado de doze dias de trabalho foi uma moto que lembrava os veículos usados no pelos habitantes do deserto australiano pós-apocalíptico de Mad Max. Não era confortável, não tinha freios e também não era muito estável – Emile caiu algumas vezes e, para piorar, a moto pesava quase 200 kg. Mas ainda era melhor que caminhar e, assim que conseguiu deixar a moto pronta para rodar, ele juntou o que havia sobrado de seus suprimentos e partiu.
A viagem de volta à civilização foi curta: logo no primeiro dia, ele foi parado pela polícia marroquina por dirigir um veículo tão estranho.
Ainda que tivesse mantido a placa original na traseira, os documentos diziam que ela pertencia a um Citroën 2CV, não a uma moto feita com partes de um 2CV. Assim, a polícia até lhe deu uma carona para o vilarejo mais próximo, mas não sem antes aplicar-lhe uma bela multa por conduzir um veículo sem registro. mcgyver-frances-transforma-carro-em-moto-01-Butecologia Apesar do prejuízo no bolso e do fato de não ter conseguido usar a moto como pretendia, Emile tem muito orgulho do que fez. Hoje, aos 64 anos, ele vive no noroeste da França e mantém a moto consigo até hoje em sua propriedade.
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